Três pesquisas apoiadas pela Rede Nacional de Ciência para Educação (Rede CpE) e pelo Instituto Ayrton Senna (IAS), foram publicadas no fim de 2024 na revista Avaliação Psicológica, do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP). Os estudos são resultados do Edital nº 003 – Apoio à pesquisa científica sobre avaliação psicoeducacional e seus impactos em políticas públicas na área da educação.

Um dos artigos, Violência e Bullying no Contexto Escolar: Análise Multinível das Variáveis Escolares e dos Estudantes, aponta que a taxa de abandono escolar está associada à violência e ao bullying. A psicóloga Gisele Machado, autora correspondente do estudo, destaca a importância de acompanhar alunos com muitas faltas e buscar, junto às famílias, as causas dessas ausências para evitar a evasão. Segundo os autores, competências socioemocionais se mostraram fatores de proteção relevantes. “As escolas podem implementar currículos que desenvolvam habilidades como resiliência emocional, amabilidade e autogestão, promovendo empatia, cooperação e resolução pacífica de conflitos”, afirma Machado, mestre e doutora em Psicologia com ênfase em avaliação psicológica.

Outro estudo,Identificação de Estudantes da Educação Especial: Avaliação do Desempenho Escolar, Pertencimento, Violência e Bullying, discute a necessidade de medidas preventivas que favoreçam sentimentos de inclusão e engajamento, sobretudo em alunos com indicadores de deficiência intelectual (DI) e altas habilidades/superdotação (AH/SD). A significativa subnotificação desses estudantes é um dos pontos centrais da pesquisa. Para a psicóloga Tatiana Nakano, autora do trabalho e professora da PUC-Campinas, a dificuldade de identificação também está ligada ao desconhecimento dos professores sobre as características desses alunos. “Há ainda muitos mitos e concepções equivocadas — acredita-se, por exemplo, que essas condições sejam raras”, observa.

O terceiro artigo, Identificação de Fatores de Risco para Evasão Escolar em Ensino Fundamental e Médio, traz contribuições para o enfrentamento da evasão escolar e a formulação de políticas públicas voltadas à permanência dos estudantes. Os autores identificaram que a satisfação dos pais com a escola é um dos principais fatores associados à evasão, influenciada por aspectos como a oferta de escolas em tempo integral, a comunicação com os professores, a qualidade do ensino e o ambiente escolar. Para a psicóloga Manoela Ziebell de Oliveira, autora correspondente do estudo e professora da PUCRS, ações como as seguintes podem aumentar o envolvimento familiar:

  • Promoção de eventos como o “Dia da Família na Escola”;
  • Fortalecimento da comunicação entre escola e responsáveis, com reuniões frequentes e canais diretos de contato;
  • Desenvolvimento de políticas de apoio para conciliar trabalho e acompanhamento escolar. 

Para Gisele Alves, gerente executiva do eduLab21, laboratório de ciências para a educação do IAS, o hackathon científico promovido na área foi um marco para a produção de conhecimento e inovação aberta. “Ao reunir especialistas, pesquisadores e educadores em uma experiência colaborativa, a iniciativa impulsionou a criação de soluções para desafios reais da educação, integrando ciência e escola. Também fortaleceu o intercâmbio de práticas testadas empiricamente, democratizando o acesso a metodologias mais eficazes e baseadas em evidências”, afirma.

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